quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Sir Peter - parte I

SIR PETER MANSFIELD

Vai um pequeno resumo da vida de Peter Mansfield: (foto oficial do site do prêmio Nobel):

Nasceu em 09 de Outubro de 1933 em Lambeth, Londres. O pai trabalhava como funcionário de uma Companhia de Gás e a mãe era Dona de Casa. Era gente comum, com pais de baixa escolaridade, de família comum, classe média baixa. Quem imaginaria um Nobel?
Peter começou a trabalhar aos 15 anos como ajudante de impressão. Aos 18, desenvolveu interesse por propulsão espacial. Prestou concurso no Departamento de Propulsão de Foguetes em Westcott, Buckinghamshire, onde ficou 18 meses, saindo para servir o exército por 2 anos. Até aí, nada de mais. Uma curva de ascensão esperada para alguém medianamente preparado. Quando veio a guinada que mudaria a sua vida?

Aconteceu quando entrou em 1956 no Queen Mary College, University of London, para cursar física. O seu mestre Jack G. Powles o incumbiu de construir um espectrômetro de RMN "portátil". Já havia sido construído um desses com válvula (imagina a tranqueira!). A tarefa dele seria a de construir esse aparelho na versão transistorizada (portátil na década de 60 era aquilo que algumas pessoas podiam carregar, vamos dizer uns 200 ou 300 kg). Após essa tarefa, o seu mestre o convidou a participar de um grupo de pesquisa em RMN. Ele achou esse negócio de espectroscopia o "Ó do Borogodó" e queria aprender muito mais sobre isso. O gênio quando encontra a oportunidade gera uma reação em cadeia incontrolável.
Foi para os EUA, inicialmente para um curso breve de Pós-Doutorado na Universidade de Illinois em Urbana-Champaign com o Prof. Charlie Slichter. Mas mestre Jack lhe conseguiu uma vaga para trabalhar na equipe de Charlie.

Casou em 1962 e rumou para Illinois com a esposa, chegando em Setembro. Em Novembro, não se deu conta dos 20 graus negativos numa manhã e tentou andar do abrigo provisório onde estava ao Campus (2 km). Basta dizer que quase morreu (seria uma enorme perda para a humanidade e eu poderia estar desempregado agora). Recorda com bom humor que até as pálpebras congelaram, fazendo barulho de papel amassado quando piscava.

Pesquisou a espectroscopia do Cobre e do Alumínio nos dois anos em que passou nos EUA. Sua esposa trabalhara com secretária, fazendo muitos amigos e contatos (imagina a seguinte situação: ele, tímido, o típico cientista que só pensa naquilo e ela, expansiva, fazendo os contatos, falando bem do marido - devia falar pelos cotovelos!). Os contatos o ajudaram a retornar à Inglaterra para lecionar na Universidade de Nottingham. Nesse período criou a espectroscopia acoplada a um computador que usava um algoritmo da transformada de Fourier. O PC era de 4k de memória magnética (hoje, provocaria acesso de gargalhadas até numa criança de 5 anos). Isso foi em 1972. Tá perdoado... hoje temos uma massa de pessoas com gigas e teras de espaço, desperdiçando suas vidas em redes sociais e "joguinhos" inúteis. Um gênio com 4k de memória muda o mundo, enquanto toda a memória do mundo não basta para um medíocre (filosofei?).
Peraí, encarrilhando o trem novamente, mas como começou essa ideia de espectroscopia com campo magnético? Por que o campo magnético? A ideia inicial aconteceu na sala de chá do Departamento de Física daquela Universidade. Ele confraternizava com os colegas e reclamou não conseguir medir de maneira satisfatória o declínio de indução livre (DIL) do Flúor. Foi então que teve a ideia de remover a interação dipolo-dipolo do Flúor ao submetê-lo a um campo magnético externo (só um cientista mesmo para pensar nesse tipo de coisa tomando chá com os amigos).

Esse foi o ponto chave da produção da imagem por ressonância magnética. Mansfileld percebeu que poderia utilizar os dados desses gráficos e processá-os para formar uma imagem. A partir daí, conseguir uma imagem de RM foi sua obsessão.

Aguarde o próximo post.

Aguardo comentários.

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